Carne artificial, nanotecnologia e ferramentas genéticas estão entre as "ferramentas da ciência" que podem vir a ser necessárias nas próximas décadas para ajudar a fornecer comida a população mundial, dizem os cientistas.



"As ferramentas da ciência vão ser fundamentais para levar segurança e bem-estar para uma população de mais de nove biliões de pessoas em 2050, face a grandes desafios tecnológicos, climáticos e sociais.", previu o jornal publicado segunda-feira pelo Royal Society.

O autor, Philip Thorton do International Livestock Research Institute em Nairobi, Kenya, analisou as tendências recentes na produção de gado e as perspectivas futuras da indústria como parte de uma série de 21 artigos sobre o futuro do sistema global de alimentos e agricultura.

Os relatórios feitos por cientistas de todo o mundo foram publicados na última edição da Philosophical Transactions da Royal Society B: Biological Sciences.

O relatório de Thornton indica que a procura por carne, leite e outra comida animal tem vindo a crescer rapidamente com o aumento da urbanização e com o aumento médio do lucro mundial.

Entretanto, a água e a terra para a agricultura estão a escassear - um problema agravado pela alteração climática e pela produção de biocombustível competindo com a produção regular de comida. O estudo previu que isto vai levar ao aumento de preços na carne, leite e ovos nas próximas décadas.

O aumento dos músculos dos animais para produzir carne, é um dos possíveis modos para ajudar a satisfazer a procura, disse.

"De um ponto de vista tecnológico... o seu desenvolvimento é considerado perfeitamente viável", dizia o relatório. Reconheceu que as pessoas podem ser lentas a aceitar a carne cultivada. Mas este produto podia ser feito de uma forma mais saudável e higiénica que a "tradicional" carne, disse o jornal, e podia também reduzir a quantidade de emissões de gases de efeito de estufa produzido pelo gado.

No entanto, estimou que é necessário outra década de estudo, e obstáculos tais como o custo e a escala terão de ser resolvidos antes da carne artificial entrar no mercado.

Nanotecnologia - que usa partículas minúsculas de menos de 100 nanómetros de tamanho - podem também impulsionar a produção de carne. disse o relatório. Sensores nanómetricos estão a ser desenvolvidos para monitorizar a saúde dos animais. As nanópartículas podem ser capazes de ajudar a localizar drogas e aumentar a absorção de nutrientes nos animais.

As ferramentas Genéticas podiam "revolucionar" a reprodução

Entretanto, outras tecnologias genéticas moleculares desenvolvidas terão provavelmente um "impacto considerável" na indústria pecuária.

Por exemplo, as análises de ADN poderiam ser utilizadas para prever a quantidade de carne e resistência a doenças entre os animais e "revolucionar a reprodução animal".

O estudo indicou que a modificação genética dos animais é tecnicamente viável, embora que a tecnologia esteja numa fase inicial de desenvolvimento do que nas plantas.

"Em combinação com novos métodos de disseminação como a clonagem, tais tecnologias podiam mudar dramaticamente a produção animal.", disse o estudo.

Mas estas novas tecnologias têm emergido numa altura em que a desconfiança das pessoas em relação a ciência está cada vez maior.

A desconfiança das pessoas em relação as soluções da ciência

"As preocupações sociais podiam pôr em perigo até a aplicação judiciosa com a nova ciência e a tecnologia, como no fornecimento de enormes benefícios económicos, ambientais e sociais", disse o relatório.

Um documento resume que a preocupação foi sempre um tema recorrente.

Num ponto de vista mais optimista, a maior parte dos jornais disseram que mais comida pode estar disponível reduzindo os resíduos e aumentando a produtividade usando o conhecimento existente.


Fonte: CBC

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